domingo, 18 de janeiro de 2009

filme caos calma


um executivo, Pietro Paladini, reage à morte de sua mulher sem desespero, simplesmente abandonando o seu escritório numa firma de sucesso, e decidindo passar o dia sentado num banco da praça, bem na frente do colégio que sua filha de 10 anos freqüenta. Em torno desse banco, sua vida continua rodando. Amigos novos e antigos, o irmão, a cunhada, os colegas de trabalho começam a freqüentar a pracinha para conversar com Pietro, para desabafar, esmolando alguns dos bens mais preciosos desse nosso tempo tão cheio de estresse: um pouco de atenção, de escuta, um abraço. O banco vira o centro do universo de Pietro, até que sua filha decide que chegou o momento de voltar à normalidade.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

a fronteira da alvorada


A imagem da incerteza do mundo

Se a fotografia valoriza o instante e o quadro, o cinema adverte que esse registro é limitado, pois é um mero recorte do tempo e do espaço. E no mundo, as coisas não estão posando: elas vivem, transformam-se, trapaceiam, vagam, são anjas e demônias, nascem e morrem, estão aos borbulhos. Falado isso, não é fato irrelevante, portanto, que A Fronteira da Alvorada tenha como protagonista um fotógrafo que tenta, como tal, controlar as imagens que registra, aprisionar os objetos capturados por sua câmera, mas esbarra no fato dessas coisas serem do mundo, que por sua vez está em moto selvagem, digladiando-se consigo próprio, vomitando suas agonias e transmutando-se ad eternum, como uma fera lutando pela vida. Não é por acaso, também, que o diretor deste filme seja Philippe Garrel, cineasta que, ao lado de Godard, mais contundentemente vem falando do pós-68, ou seja, de um projeto que morreu e de um processo histórico que prossegue a todo vapor transformando as coisas, matando algumas e seguindo avante com tantas outras.
http://www.revistacinetica.com.br/fronteiragarrel.htm

o silêncio de lorna


O Silêncio de Lorna
(Le silence de Lorna, BEL/FRA/ITA/ALE, 2008)


Drama


Direção: Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne

Elenco: Arta Dobroshi, Jérémie Renier, Fabrizio Rongione, Alban Ukaj, Morgan Marinne

Roteiro: Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne

Duração: 105 min.

Uma imigrante albanesa, Lorna, se casa com o drogado Claudy. Para ela, o casamento de aparência traria a cidadania belga e para ele, dinheiro para sustentar o vício. Mas os dois acabam se envolvendo emocionalmente e, assim, podem estragar os planos do "agenciador" do casamento, que espera que ele morra de overdose para Lorna casar novamente, desta vez com um russo, também trocando a cidadania por dinheiro.

Trazendo à tona um tema recorrente na Europa atual, a imigração, os irmãos Dardenne criam um ambiente mudo e dolorido e oferecem ao espectador uma viagem que não dura apenas o tempo da projeção. Os pensamentos continuam trabalhando até muito tempo depois.

Como sempre, na trilha do cinema naturalista, com atuações simples, sem trilha sonora e seqüências do dia-a-dia, a história de Lorna tem um tom real e toca fundo.

A atriz albanesa Arta Dobroshi, veterana no teatro, dá vida à contida e passiva Lorna. Jérémie Renier é o desesperado Claudy e o triste casal acaba conquistando quem assiste ao filme.

No geral, o longa lembra, em alguns aspectos, os anteriores da dupla de irmãos belga e, como era de se esperar, é imperdível!