segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

a fronteira da alvorada


A imagem da incerteza do mundo

Se a fotografia valoriza o instante e o quadro, o cinema adverte que esse registro é limitado, pois é um mero recorte do tempo e do espaço. E no mundo, as coisas não estão posando: elas vivem, transformam-se, trapaceiam, vagam, são anjas e demônias, nascem e morrem, estão aos borbulhos. Falado isso, não é fato irrelevante, portanto, que A Fronteira da Alvorada tenha como protagonista um fotógrafo que tenta, como tal, controlar as imagens que registra, aprisionar os objetos capturados por sua câmera, mas esbarra no fato dessas coisas serem do mundo, que por sua vez está em moto selvagem, digladiando-se consigo próprio, vomitando suas agonias e transmutando-se ad eternum, como uma fera lutando pela vida. Não é por acaso, também, que o diretor deste filme seja Philippe Garrel, cineasta que, ao lado de Godard, mais contundentemente vem falando do pós-68, ou seja, de um projeto que morreu e de um processo histórico que prossegue a todo vapor transformando as coisas, matando algumas e seguindo avante com tantas outras.
http://www.revistacinetica.com.br/fronteiragarrel.htm

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